MEU PROCESSO DE REENCONTRO DEPOIS DE NÃO SABER MAIS QUEM SOU

Ao final do ano de 2022 eu descobri algo muito importante sobre mim mesma: eu havia me perdido e não sabia mais quem era.

Para muitos pode parecer frescura saber que uma mulher de 28 anos não sabe mais quem é. Mal sabem eles que isso pode ser uma situação muito comum na vida de tantos outros indivíduos. Até porque não saber quem é pode ser assustador em primeiro momento, e libertador depois que começa a se questionar.

Tudo isso começou porque assisti a um podcast do canal do Joel Jota, onde sua convidada Juliana Goes falava sobre Inteligência Emocional para mulheres. E bem no meio da sua entrevista a mesma relatou que chegou em um momento de sua vida onde ela não estava satisfeita com a carreira profissional (mesmo estando muito bem profissionalmente), não estava satisfeita com a vida que estava construindo e que sentia que algo lhe faltava.

Juliana Goes, você não tem noção do quanto me identifiquei com esse programa, porque eu estava me sentindo exatamente assim.

Além disso, desse estalo de consciência, ao final de Novembro (29) recebi a notícia de que meu pai havia falecido, e não foi algo com o qual soube lidar em primeiro momento. Eu nunca tive uma relação muito próxima do meu pai. Vejam bem, minha mãe sempre incentivou que eu tivesse uma relação com meu pai, e também sempre deixou que eu decidisse, tirasse minhas próprias conclusões a respeito da figura paterna. O que aconteceu é que circunstâncias e decisões nos fizeram nos afastar, e de um ano para cá, meu pai acabou me enviando umas mensagens. E mesmo não querendo me sentir esperançosa de que um dia nós fôssemos ter esse vínculo pai e filha de novo, eu acabei nutrindo uma esperança. Porém, no dia 29 de novembro de 2022 eu recebi a notícia de que ele havia falecido, e essa notícia mexeu muito comigo.

Bem, nesse dia alguma coisa quebrou dentro de mim, e eu não sabia o que era. Não posso dizer que no ano de 2022 eu estive 100%, porque estaria mentindo. Mas devido aos acontecimentos eu entendi, após muito refletir, que havia alguma insatisfação dentro de mim. E quando ouvi o podcast entendi como a própria Juliana se sentia: perdida.

O QUE TEM ME AJUDADO COM ESSE DESPERTAR?

Passar a ter essa percepção me fez começar a entrar em algumas questões sobre mim mesma, e então eu tive que ter coragem para encarar alguns fatos sobre mim: insegurança, baixa autoestima, falta de foco, visualizando muito o futuro e não enxergando o processo, insatisfação, falta de sensibilidade, empatia e cuidado comigo mesma, mente acelerada, com feridas que não cicatrizaram, etc. Chegar a essa conclusão não foi agradável, mas ao mesmo tempo me deu um certo alívio porque pela primeira vez eu fui sincera e transparente comigo mesma.

“QUEM SOU EU?”

A primeira pergunta que fiz para mim mesma foi: “quem sou eu?”.

A primeira vez que me fiz essa pergunta foi após ter ouvido a experiência da Juliana Goes. E suas experiências e insights me bateram tão forte que eu fui deitar pensando nisso e me fiz essa pergunta enquanto estava sozinha no meu quarto. E um grande branco e vácuo se instalou. Porque eu não tinha resposta para essa pergunta.

No dia seguinte eu abri um bloco de notas no celular e fui digitando, tudo o que estava sentindo, como estava me enxergando naquele momento, tudo o que estava dentro de mim. Sempre que aparecia uma nova percepção minha eu colocava nessa página do bloco de notas. Em uma página eu coloquei as minhas características positivas e as negativas.

Demorei em torno de uma semana para ter uma resposta que envolvia as minhas características positivas e negativas, incluindo os sentimentos ruins e bons. Não fiz uma lista para buscar formas de melhorar, mas para entender como eu era, aliás, quem eu era. Excluindo o olhar externo dos outros sobre mim, mas levando em conta o olhar interno de mim mesma, minha autopercepção.

E com o decorrer dos dias e das semanas eu fui colocando algumas outras questões que eu gostaria de responder. Inclusive sobre a minha carreira profissional, porque vejam bem: eu estou indo muito bem profissionalmente, porém não tenho me sentido satisfeita, realizada. Algo está faltando e eu estou aos poucos buscando refletir sobre isso.

MANTENDO UM DIÁRIO

Em 2022 eu havia colocado como meta manter um diário atualizado, afinal a escrita sempre me ajudou muito a colocar para fora tudo o que tinha dentro de mim. Fiz isso durante o ano? Poucas vezes, tanto que ainda tenho um caderno zerado com folhar brancas e um pela metade.

Depois que comecei a me colocar algumas questões para praticar meu autoconhecimento e me entender, passei a utilizá-lo com mais frequência. Inclusive porque após ler o livro “Essencialismo” foi algo que o autor do livro ensina aos seus leitores: fazer uso de um diário.

Já parou para refletir sobre seu dia e colocar algumas palavras em um diário? O simples fato de escrever tem me ajudado a por a cabeça no lugar e entender o que está acontecendo. Não é a solução dos problemas, mas o caminho para começar a solucioná-los.

PODCAST REENCONTRO DA JULIANA GOES

Vocês me verão falar muito dessa influenciadora digital, porque ela apareceu em um momento em que eu precisava. Eu sempre acreditei que determinadas coisas acontecem quando precisam acontecer, e nada disso veio pelo simples acaso.

Eu sempre gostei de ler ou ouvir alguma coisa enquanto tomo o café da manhã, e eu comecei a ouvir os episódios do podcast da Juliana. Foquei em assuntos que me interessavam e estavam se abrindo dentro de mim. Sentimentos que estavam guardados e confusos, eu estava muito confusa com algumas coisas, mas aos poucos eu fui conseguindo entender e enxergar de outra forma. Sem ficar me recriminando ou tentando matar aquilo dentro de mim.

BUSCAR AJUDA PROFISSIONAL

De forma nenhuma vou dizer que nós devemos resolver tudo sozinhos. Não! Porém, não vou dizer que eu já fui buscar ajuda profissional, porque eu não fui ainda.

Mas eu entendo que com um profissional qualificado, quando estamos abertos a isso, pode nos fazer ter outra visão das coisas que estão acontecendo, da forma que estão acontecendo e de como isso nos afeta.

Pode nos ajudar a não nos invalidarmos tanto, porque é isso que tenho feito. Eu passei muito tempo me invalidando, invalidando minhas emoções, meus sonhos, meus desejos e etc. E, talvez, isso tenha sido uma das situações que me fizeram chegar nesse ponto de não conseguir me enxergar, ou de não saber e entender quem sou.

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14 Comentários

  1. Sinto muito pelo seu pai, eu nem posso imaginar o quão doloroso foi toda essa situação.
    Eu também me perdi muito de mim nos últimos tempos, mas aos poucos vou me reencontrando. Perceber isso já é um grande passo.
    Que 2023 seja um ano muito mais leve e feliz pra nós! ♥

    https://www.heyimwiththeband.com.br/

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    1. Obrigada Valéria. Não foi não, mas aos poucos tudo vai se ajeitando.
      Que 2023 venha com mais calma e alegria.
      A melhor parte de descobrir que nos perdemos, é nos dar a chance de nos acharmos.

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  2. Oi Karolini, achei muito bacana o seu post. Eu acredito que nós podemos ser muitas pessoas ao longo das nossas vidas e, muitas vezes, ficamos presos a uma versão antiga nossa, simplesmente por não nos darmos conta da necessidade dessa mudança. Boa sorte nessa sua nova fase de reencontro consigo mesmo. <3

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    1. Obrigada Camila.
      Entender que me perdi e que não me conheço o quanto gostaria foi libertador, porque me deu pelo menos um caminho de por onde seguir para reencontrar.

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  3. Oi Karolini, sinto muito pelo seu pai!
    Acho que sempre chega um momento da vida onde a gente fica perdido, mas fico feliz demais em saber que você está no processo de se reencontrar, e que bacana compartilhar isso por aqui! :)

    Estante da Pipoca

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    1. Obrigada Vitória!
      Sim. Se sentir perdido, ou como se não se reconhecesse mais é um processo que também liberta e nos faz enxergar outras coisas.

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  4. Sinto muito pela sua perda Karol. Mandando boas energias pra você ♥

    Eu sou suspeita pra falar sobre se sentir perdida porque eu acho que desde a crise dos 27-30, eu ainda não me recuperei. Ainda não me encontrei 100%. E talvez eu nunca me encontre 100%, mas acho que essa idade é crucial pra muita gente. Não só no trabalho, mas em questões de valores de vida mesmo. Só posso te desejar paciência pra conseguir passar pelos piores dias de forma decente, sem matar ninguém rs Se cuida ♥

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    1. Obrigada Claudia!

      Acho que estou chegando então. Parece que acontece um reboliço dentro da gente.
      Estou tentando ter paciência comigo nesses dias. Às vezes até bate uma vontade de largar tudo para o ar, mas daí lembro do que quero conquistar e começo a refletir o que devo e como fazer para chegar lá.
      Acho que no fim das contas a gente nunca sabe quem é...

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  5. A gente precisa se autoconhecer, assim como nossas forças e fraquezas. Não há pessoa mais indicada para saber como estamos, que nós mesmos.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar com muitos posts interessantes. Não deixe de conferir!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

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    1. Verdade Emerson, só quando descobrimos ou nos encontramos, reconhecendo nossas forças e vulnerabilidades é que entendemos como estamos.
      Estou nesse processo, e tem sido um processo diferente para cada dia.

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  6. Adorei o post, Karolini... é muito importante falarmos ativamente sobre esse assunto, principalmente para tirar essa regra de que a gente sempre precisa estar sabendo quem é e o que quer fazer.

    Assisti o vídeo que você indicou e achei ele bem interessante. Não tem nada de errado a gente procurar o que considera o melhor para nós, ou até tentar achar algo que faça sentido.

    A Juliana em si deu várias dicas, mas eu recebi umas muuuuito boas de uma 'blogueira' que eu sigo faz anos. Hoje ela não tem mais o blog, mas é creator e especialista em comportamento e neurociência, o nome é Lígia Baleeiro. Ela tem um conteúdo bem legal no Instagram (que eu sei que você não usa mais), mas ela tem um podcast bacana no Spotify (Casulo Podcast) também.

    Uma das dicas mais legais que ela deu um dia foi pegar um caderninho e escrever suposições sobre si em cada cabeçalho de página. Ex: 'eu sou blogueira' em uma página, 'eu sou designer' em outra página, 'eu sou uma boa filha' em outra página, etc.. e em outro momento ir desenvolvendo esse pensamento. 'Eu sou blogueira, pois escrevo no meu blog já faz x anos. Iniciei por x motivo, escrevi sobre x assuntos, e por aí vai. Vão ter coisas tipo 'eu amo trabalhar' que no desenvolvimento pode aparecer um insight de que talvez você goste de trabalhar, mas não curta tanto assim seu trabalho atual - e ok, já é um ponto novo para começar a desenvolver e buscar uma solução para esse novo problema. Eu tentei e foi tudo de bom, me "conhecer" já tem se tornado mais fácil.

    Espero que você curta a jornada do autoconhecimento, pois apesar de ela ser bem difícil e dolorida, ela pode ser um momento feliz e de satisfação também.

    Abraços

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    1. Muito obrigada Bruna!

      Com certeza vou procurar a Lígia. Tem sido um processo de altos e baixos, tem dia que estou 100%, mas parece que em outros não estou mais tão sã assim.

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  7. Oi Kah, eu entendo o que esta passando as vezes fico me perguntando a mesma coisa, ainda mais quando tudo parece não estar indo do jeito que imagino, mas sempre temos que ver uma luz e tenatr dar a volta por cima sabe? Pois muitos desses pensamentos acaba nos assombrando tanto, que ficamos introspectivas, abatidas e acabamos depressivas. Eu sou uma que preciso ir no psicologo por motivos adversos, esse ano falei para mim mesma que vou procurar fazer um plano de saúde e ir... Espero que consiga!

    Em relação ao seu pai, meus pêsames! Eu também não sou muito próxima do meu, mas sei que se um dia essa notícia chegar ficarei bastante abalada. No que precisar estamos ai ♡

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    1. Obrigada Paloma!
      Sim! Também preciso ir ao psicólogo, mas nunca consegui ir.
      Mas sei que preciso também de um dia de cada vez para me equilibrar novamente e continuar em frente.

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